Doença Obstrutiva das Artérias Renais
Assim como ocorre com as artérias coronárias (coração), carótidas (cérebro) e femorais (pernas), a circulação dos rins pode ser afetada por placas de gordura, cálcio e coágulos que obstruem a passagem de sangue por sua artéria principal e podem, com o tempo, comprometer a função dos rins e leva-los à atrofia (dimuição de tamanho e mal funcionamento).
Essa é uma das mais traiçoeiras doenças das artérias pois é indolor e a manifestação mais comum é uma dificuldade no controle da pressão arterial que tende a ficar excessivamente alta, mesmo com uso de vários remédios em doses máximas. À medida em que avança, surgem alterações nos exames de sangue que mostram mau funcionamento dos rins, culminando com a redução no tamanho destes órgãos, podendo levar a sua perda e até necessidade de diálise em casos terminais.
Geralmente não há sintomas e o médico detecta uma dificuldade em manter a pressão arterial em níveis normais, mesmo usando corretamente 3, 4 ou mais medicamentos diferentes com essa finalidade. A medida em que a obstrução avança e entope a passagem do sangue para os rins, surgem alterações nos exames de sangue e a capacidade de filtração começa a ser afetada. O volume de urina caprichosamente só é comprometido nos estágios finais.
O grupo de pacientes mais afetados é uma constante quando se trata de placas de ateroma (aterosclerose), mas em relação às artérias renais há uma preferência pelos diabéticos e hipertensos. Os fumantes também estão entre os mais afetados e os jovens expostos aos fatores de risco não são poupados.
O melhor tratamento é a prevenção através do controle dos fatores de risco e identificação precoce das primeiras alterações. Quando o nível de obstrução é severo e compromete mais de 70-80% do vaso é recomendável intervir. Atualmente, as angioplastias (dilatação da artéria com minúsculos balões, catéteres e stents) através da virilha ou do braço têm bons resultados e são seguras quando feitas por profissional experiente. Hoje as cirurgias abertas através de pontes têm papel limitado.
Quando é necessária a intervenção com catéteres (angioplastia), esta é bem tolerada, mesmo em idosos, pois pode ser feita com anestesia local e sedação. O paciente permanece em observação por 24h em relação aos níveis de pressão, vigilância do local da punção (virilha ou braço) e condições da urina. O tratamento tem por objetivo impedir a perda do rim, melhorar sua função e auxiliar no controle da pressão arterial, podendo em alguns casos haver redução da quantidade de medicamentos usados para seu controle.